Situé à 7 km de la ville de Mêda, Marialva est un village médiéval qui fait partie à juste titre des Aldeias Históricas de Portugal (« Villages historiques du Portugal »). Lorsqu’on parcourt les rues étroites entourées de petites maisons en pierre qui mènent aux ruines du château, on est loin d’imaginer que ce lieu paisible et fortement ensoleillé fut une importante forteresse au Moyen Âge.
Ville aux racines très anciennes, elle était déjà habitée au VIè siècle avant J.C. par la tribu des Aravos. Elle fut successivement occupée par des Romains (qui lui donnèrent le nom de Civitas Aravorum), par des Suèves et des Arabes, qui s’installèrent dans sa forteresse défensive. Ce fut Fernando Magno, roi de Léon, qui la conquit en 1063, et lui donna le nom de Malva, plus tard Marialva. La légende dit que le roi du Portugal D. Afonso II aurait fait don de la ville en 1217 à une amoureuse, D. Maria Alva, qui serait à l’origine du nom du village. Le château fut réédifié par D. Sancho II du Portugal, aux environs de 1200, sur les ruines de la forteresse romanisée.
Notre promenade haletante sous un soleil de plomb, le long de ces chaussées médiévales entourées de murs et de portes gothiques, nous conduit à une petite place où se trouve un élégant pilori tout en granit, du XVè siècle, l’ancienne prison et le tribunal. L’église Matrice, avec un portail manuélin, est consacrée à Saint Jacques et date du XVIè siècle.
Ancienne route des pèlerins, Marialva célèbre encore le jour de l’Apôtre (25 juillet), le marché annuel de Saint Jacques.
Ce que l’on ressent en visitant les ruines du château de Marialva a été parfaitement décrit par le prix Nobel de littérature José Saramago, dans son livre Viagem a Portugal:
O viajante entra no castelo, (…) vai à descoberta do que, a partir deste dia, ficará sendo, no seu espírito, o castelo da atmosfera perfeita, o mais habitado de invisíveis presenças, o lugar bruxo, para dizer tudo em duas palavras. Neste largo onde está a cisterna, onde o pelourinho está, dividido entre a luz e a sombra, adeja um silêncio sussurrante. Há restos de casas, a alcáçova, o tribunal, a cadeia, outros que não se distinguem já, e é este conjunto de edificações em ruínas, o elo misterioso que as liga, a memória presente dos que viveram aqui, que subitamente comove o viajante, lhe aperta a garganta e faz subir lágrimas aos olhos. Não se diga daí que o viajante é um romântico, diga-se antes que é homem de muita sorte: ter vindo neste dia, nesta hora, sozinho entrar e sozinho estar, e ser dotado de sensibilidade capaz de captar e reter esta presença do passado, da história, dos homens e das mulheres que neste castelo viveram, amaram, trabalharam, sofreram, morreram. O viajante sente no Castelo de Marialva uma grande responsabilidade. Por um minuto, e tão intensamente que chegou a tornar-se insuportável, viu-se como ponto mediano entre o que passou e o que virá. Experimente quem o lê ver-se assim, e venha depois dizer como se sentiu.
Bien avant Saramago, l’architecte Francisco Keil do Amaral (le concepteur du métro de Lisbonne), avait écrit ces quelques lignes sur Marialva dans son Guia de Portugal :
Há em Portugal castelos mais impressionantes, igrejas de outra imponência e beleza, solares de maior aparato, fontes ao pé das quais as de Marialva não passam de parentes pobres. Mas não são muitos, neste nosso rincão do Mundo, os conjuntos de ruínas dum antigo burgo fortificado, assim chegados até nós sem marcas profundas de evolução. Tão-pouco são frequentes os exemplos de pequenos recintos públicos em que o jogo das diferenças de nível e dos volumes, a curiosa «desarrumação» dos elementos valorizadores e uma cuidadosa espontaneidade, se conjugam com tamanha singeleza e encanto. Os arranjos urbanos que antecedem a porta de S. Miguel Arcanjo, do castelo e os que dentro deste enquadram, completam e dignificam o solar da administração e da justiça são expoentes altos dum sábio aproveitamento das condições naturais, valorizadas com meios modestos, sem grandiloquência nem rigidez formal, mas duma rústica harmonia, a um tempo forte e imaginosa (…).